sábado, 14 de setembro de 2013

Talvez de noite

     Ela já sabia que era incerto, mas ousou criar alguma expectativa. Ria ao lembrar das flores que haviam descoberto o dia e ao lembrar das que sentiam o gosto da terra. Nestas se reconhecia. Pensava em ser aquelas amarelas que vira mais cedo. Recordava já ter sido reflexo das roxas que se atiravam dos galhos, em um salto desesperado para o brusco.
    Sorria tão largamente que se deslocava do padrão. Sorria ao perceber o efeito que surtia naquele recém nascido menino. Ria-se tão abertamente que o desconcertava. Seu comprometimento em ser um homem de palavra a desconcertava. Queria um certo descompromisso e o seu auto intitular "homem" já bastava para mais um riso. Contudo, admirava a sua preocupação.
    Movia o corpo esguio segundo o ritmo de sua própria frequência. Já não estava onde estava. Corria os olhos fechados, não para o encontrar, mas para se perder em si. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário