sábado, 28 de setembro de 2013

Dezembro

A situação, para ela, acompanhava as tendências do mês. Após um calor exacerbado, uma chuva repentina, que não serve para refrescar, apenas abafa e desmancha possíveis planos. Seus olhos verdes mostravam as pupilas interrompidas pelo constrangimento e a ignorância de como saber agir. Mexia e remexia na trança que se desmanchava em sua homenagem.
O sol aumentava a exaustão, mas, pelo lado Poliana da vida, disfarçava a vermelhidão. Nos abraços sentia a câmera focando seus olhos abertos, impossível fechá-los. Era a vilã, roubava o romantismo, roubava a esperança e o bom senso. Era a vilã com saudades. Saudades de um passado distante, de um passado presente, de uma ausência daquela situação.

Dezembro caia sobre os seus pés, com tal força que lhe roubaria o sono a noite. Dezembro desembrulhava possíveis amores, deixava-os nus, arreganhados no chão. Dezembro abortava.

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