quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Carmesim
Mexeu a garganta,
seca. Seu único movimento. Tentou engolir novamente, atreveu-se a tremeluzir as
pontas dos dedos da mão direita. Buscou o ar com avidez, forçando os pulmões a
se expandirem. Os olhos fixos no relógio da parede da cozinha. Umedeceu os
lábios, o gosto do batom carmesim tocou delicadamente a língua. Ainda
estava fresco. Piscou os olhos pintados. Buscou novamente o ar. Seu
jovem rosto contraiu-se pelo pesar. Já era tarde, sabia disso. Algo morno começou
a empapar o vestido, principiando pequeno, mas avançando rapidamente na renda
preta. O ponteiro do relógio passou novamente pelo número 12. Fazia dois
segundos que o tiro começara a roubar-lhe a vida.
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