segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Minha infância

Esses amores impossíveis, sem correspondência, os que se vêm perdidos em uma total submissão a esse sentimento, mantendo-o endeusado nada mais é do que o fruto de uma mente criada por livros estupidamente perfeitos e filmes perfeitamente melosos. Ao menos, esse é o meu caso.
Nós, garotas, enquanto crianças e adolescentes somos preparadas para duas coisas essências: aprender os deveres domésticos e esperar o príncipe encantado. E é sobre isso que pretendo falar hoje.
Mas relaxe meu bom amigo, não tenho pretensões de derramar lágrimas nem de trazer idéias atrasadas. Apenas intenciono esclarecer e justificar algumas coisas.
Sobre a primeira posso lhe garantir que estou certa e não estou sendo absurda, basta você entender os meus termos. Ao entrar em uma loja de brinquedos você vê duas prateleiras, no mínimo, uma dedicada aos meninos e outra as meninas. Na primeira você encontra carrinhos de todos os tipos, super-heróis, robozinhos e inúmeros outros itens. Já na outra você nota uma grande variedade de panelinhas, bonecas e Barbies que têm diferentes profissões, sem se esquecer da Barbie grávida.
Ao analisar um pouco melhor os brinquedos você pode concluir que eles preparam os garotos para grandes atos ao incentivarem eles a brincarem como super-heróis, bombeiros ou policias. Já as garotas são treinadas para cuidarem da casa e gostarem disso. Nos últimos anos os brinquedos das garotas também começaram a incluir algumas profissões, devido à entrada da mulher no mercado de trabalho, mas sem abandonar os antigos. Porém os garotos não estão brincando com panelas, mesmo isso sendo uma realidade para os adultos.
Assim é inegável o fato de que nós, garotas, fomos educadas para cuidarmos da casa enquanto os meninos para salvar a sociedade. Agora eu já posso ir para o segundo assunto, que me interessa mais.
Aproveitando o argumento utilizado anteriormente vou continuar a usá-lo, ao menos em partes. Algumas meninas, como eu, cresceram lendo livros de romance e assistindo a filmes do mesmo gênero. Como conseqüência, acabamos por idealizar o amor e a criar homens tão perfeitos que simplesmente não existem.
Ao acreditarmos fielmente nesses livros e filmes perdemos a noção da realidade, afinal eles não trazem um relato fiel do que acontece no mundo, é como se todos eles pertencessem ao mundo das idéias, no qual tudo é perfeito, inclusive os garotos. Porém quando crescemos e vivemos um pouco percebemos como nossa visão de mundo estava errada e caímos em grande decepção.
Porém nós, brasileiras, somos nutridas de grande perseverança e com a idéia de nunca desistirmos do amor acabamos por idealizá-lo em alguns sapinhos arrumados que cruzam o nosso caminho. E assim nascem as mais feinhas criaturas: os amores não correspondidos.

Um comentário:

  1. O outro lado da história é que os meninos, esses putos também, caem nessa de livros e filmes e idealizações que no fim, não te levam a nada. Pelo menos os que não tem a malemolência da conquista no sangue.

    Aprender a ser o cara mais sensível e entender as sacadas mais sagazes, ser o homem perfeito que uma mulher quer, acaba sendo o que cabe desse lado.

    De repente a desilusão não é só das gurias, e eu sinceramente não sei se eu queria esse tipo de igualdade.

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