terça-feira, 8 de abril de 2014

Sweet

Pigarreou. O gim barato enroscava na garganta. Ainda estava dolorida. Se arrastou para o banheiro. Não dava tempo para banheira. Mas uma ducha fria bastava. O rímel já estava no fim. Um rosto fino, mal comido, encarava o espelho. Os olhos. Olhos dez anos mais velhos que a vida. Os olhos, mortos, guiavam o corpo já conhecido de muitos. O trago libertou os pensamentos. Suspirou. Não de saudades. Não de amores. De rotina. A amargura desceu com a ajuda do gim. O cabelo secara. Emoldurava o rosto com volume selvagem. Preciso retocar a raiz. Retocou o vermelho da boca para que outros pudessem tirar. Olhou o quarto. Vestiu o roupão de seda. O roupão de seda manchado. O lençol aguenta mais três. Duas batidas na porta. O próximo chegara. Abandonou as cinzas no pé da cama. 

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