O que sentia na hora da revelação não
passava nada. A paralisia não permitia o pensar, apenas o respirar. O chão não
sumiu como esperava que o fizesse, mas alguma coisa morria. Morria como havia
esperado. E o velório não tardava a começar. Mas ninguém reconheceu a viúva,
não deram seus sentimentos. Celebravam uma vida alheia.
Não, ninguém vertera uma lágrima, nem ela
mesma. Não havia. Fora uma perda que apenas ela reconhecia. Conhecia. A hora da
revelação se alastrou até o ponteiro girar e girar e girar. Não sobrava nada,
apenas um passado nostálgico que não era o suficiente para morrer ou ser morto.
Não encarava o fim, mas uma suspensão. Um desvio na rotina e um sentimento
perdido.