terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Café

Rabiscava no canto do jornal, tão fugaz. Faltava apenas vestir a camisa, mas era um fardo. Deu um último trago, profundo, buscando sua masculinidade viril. Procurava se desprender daquele sentimentalismo. Não devia ter abrido a carteira de couro marrom. Muito menos descoberto a foto ali enterrada. Um segredo que sempre enterrava ali. Olhou aquele rosto delicado, coçou a barba rala, respirou tão fundo quanto pode. Pegou o isqueiro ao lado do café, acendeu, aproximou a foto. A covardia apagou a chama. Guardou a foto, não suportava o seu olhar. Segurou o cigarro, a masculinidade, último trago. Apagou no café velho. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário