quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Reflexo

Virava o copo
A procura do que prometera
Não encontrava a proposta juramentada
Via no espelho aquele infiel olhar
Que quebrava copos, quebrava votos, quebrava o que tocava
Restava estilhaços
Restava
Tão somente restava que já não conhecia mais o verbo

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É de vermelho terra
Esse céu que me sustenta.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Cantiga

Fazia a tabuada dos se te...
Contava com os dedos
Recitava os nomes
E titulava todos como nenhum

Displicência

Não há porque não sorrir
Vem na calma da alma, um tamborzinho aqui dentro
Dispensar, por um momento, os conceitos dos modernos
Reconstruir um sujeito
Despojado de consciência

Talvez

Não esperava tanta relevância em um pequeno gesto, mas a descobri ali, encostada tão silenciosamente. Me surpreendeu sua falta de voz, tão singelo. Mas quando percebi já era tarde, não tinha como voltar. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Café

Rabiscava no canto do jornal, tão fugaz. Faltava apenas vestir a camisa, mas era um fardo. Deu um último trago, profundo, buscando sua masculinidade viril. Procurava se desprender daquele sentimentalismo. Não devia ter abrido a carteira de couro marrom. Muito menos descoberto a foto ali enterrada. Um segredo que sempre enterrava ali. Olhou aquele rosto delicado, coçou a barba rala, respirou tão fundo quanto pode. Pegou o isqueiro ao lado do café, acendeu, aproximou a foto. A covardia apagou a chama. Guardou a foto, não suportava o seu olhar. Segurou o cigarro, a masculinidade, último trago. Apagou no café velho.