Para
ele correr era o mais prático e seguro a se fazer. Correu com facilidade, com a
agilidade de um gato preto.
Vi seu
corpo preto esticar e encolher no verde da grama alta. Rapidamente ganhou
velocidade. Invejei profundamente o gato.
Invejei
o gato profunda e amargamente. Tudo o que eu queria era ter essa liberdade de
correr, simplesmente correr do que me
assusta, do que me magoa. De quem eu magoo.
Sim, de
quem eu magoo. Parece que nos últimos tempos só eu possuo a capacidade de
magoar, ferir e/ou decepcionar as pessoas. Só eu. Estranho não? Devo estar
cercada de pessoas perfeitas, afinal elas nunca me machucam.
Oh,
leitor, se eu escrevesse feito os latinos estaria a exclamar: “Oh! Coitada que
sou”. Se escrevesse polidamente talvez dissesse: “Quantas injúrias”. Porém quero
escrever simples e grosso, assim apenas escrevo: “Mas que merda!”.
Desculpe-me
a falta de polidez, o abandono de clássicas lamentações e o uso de um português
claro demais. Porém só assim consigo descrever a merda que é ter que ser
estátua e não correr, ter que ser educada e sorrir, quando todos sentam no
próprio rabo e me apontam como a responsável por Jesus ter parado na porra da cruz.
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