domingo, 14 de setembro de 2014

Eu te vejo sumir por ai...

Voltei onde dançamos
Aquele forró junino, no pouco mês que existimos
Ouvi Chico, lembrando das notas que saiam do seu violão, dos acordes
Você estava ali, superando a distância dos anos
Atravessando os desafios do existir.
Voltei onde dançamos
Ouvi meu riso murcho
Sofri uma saudade piegas
Não vi o marrom dos seus olhos.

Calada na cama

Às vezes me invade uma tristeza
Me jogando contra a parede
Para baixo da cama.
Cresce a vontade de quebrar os interditos que nos unem, que nos separam
Mas não vejo tua benção a me espreitar
Então recuo, suspiro calada e calma
Como a noite que segue uma primavera abafada
Perdoa-me por me traíres. 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Por dentro, por entre, adentro

Não dissecarão meus poemas como o farão com meu corpo
Estará ele vazio, com as tripas, as vísceras na cama
Não encontrarão sinais de amores
Todos se perderam ainda na luta para crescerem, vingarem
Talvez ali, nas veias esturricadas, encontrem vestígios de ilusões
Que se refugiaram em alguns versos igualmente secos.


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Amém

Deus me livre de amar tão cedo
Não pretendo erguer templos
Nem derramar palavras
Por nomes passageiros
Desse vácuo do amor prematuro
Prefiro não participar do parto

Cordeiro

Tão frio e tão doce era o seu olhar
A me perfurar.
Acorrentada, minha rubra boca te entregava
Os suspiros, os versos que te fiz
Num só ato, num só sacrifício
Os meus braços abraçavam o mar que nos continha
Nos separava e aproximava,
Num ritmo atormentador.

No meio...

O rosto franziu ligeiramente ao se lembrar de um sonho. Um arrepio percorreu o corpo, assim como uma breve tristeza. Não triste pela recordação, mas pelo pesar de ainda não o ter deixado, de sustentar uma tristeza por alguém que já quase não lembrava, por um amor inventado. 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mordida

Se tu pudesses me ver
Nessa hora tão tardia, nessa hora em que sua voz entrecorta a minha,
Tão sem empatia, tão afiada quanto a espada que me trespassa o peito
Ao ouvir suas palavras de desprezo
Por tudo o que tenho feito.